domingo, 3 de junho de 2018

Se não for assim, não será de outro jeito.

Quando assistimos nos palcos, nos vídeos ou até em fotografias, bailarinas(os) realizando movimentos e poses virtuosas pouca vezes nos perguntamos o trabalho/esforço que está por trás.

A resposta é um conjunto chamado método, que soma repetição, técnica e tempo.

No ano 2000 infelizmente eu produzi algumas lesões, e sim, algumas delas praticando dança. Senti que era necessário aprender mais sobre o funcionamento do corpo. Muito mais do que era ensinado na aula de Anatomia. Isso detonou um estopim em mim o suficiente para eu somar o meu apaixonamento pela dança à busca de diversas formas de cura.

Não vou entrar no mérito de comparar os descrever cada uma das curas, mas cito aqui algumas Terapias Corporais que me submeti: Eutonia, Reestruturação Corporal, Terapia Crânio Sacral, Osteopatia, Fisioterapia (tradicional), RPG e Pilates.

Durante esse período eu frequentei o curso universitário de Dança e Movimento, e pude ampliar meu conhecimento sobre outras práticas que combinavam dança e prevenção de lesões, por meio da Educação Somática.

Resumindo muito, Educação Somática são técnicas corporais que visam a recuperação e manutenção da saúde de seus praticantes, através de aplicações de técnicas para o movimento do corpo. A visão de corpo é de um corpo sensível e único, não mecanizado, inclusive as limitações individuais de qualquer natureza são levadas em conta. Ou seja, são práticas que ajudam a você dançar mais e melhor.

Essas técnicas não substituem o treinamento técnico em dança, mas enriquece o processo de ensino e de criação. São técnicas de Educação Somática: Feldenkrais, Eutonia, Body Mind Centering, Sistema Laban/Bartenieff, Técnica de Alexander, G.D.S., Antiginástica, Técnica Klauss Vianna (Brasil), entre outras.

Atualização dentro da sala de aula
No meu ponto de vista, hoje, em 2018, é impossível conceber o ensino das técnicas de dança (qualquer tipo de dança, inclusive Ballet!) sem incluir exercícios oriundos da Educação Somática. No meu TCC, escrito em 2005, eu desenvolvo mais esse tema, aplicando a Educação Somática para o corpo do adulto que quer dançar. Inclusive desenvolvi diversos módulos no formato de Workshops em 2010 visando introduzir algumas dessas práticas.

Outra coisa que é impossível é entrar numa sala de aula onde o professor sequer sabe o nome/função dos principais ossos e músculos do corpo humano. Oi?! Gente, onde vcs fazem aula é assim?

Aviso: na minhas aulas de Dança/Ballet, (particulares ou em grupo) eu levo um esqueleto para estudo. Porque se não for assim, não será de outro jeito.
 

Eu, eu professora, a Dança e a Educação Somática
Pela minha história de vida, pelo meu corpo e suas limitações, sempre me vi na contramão do ensino tradicional de dança.

Se eu não acreditar que todos os corpos podem dançar até quando quiserem, exemplo até 80 anos de idade. que qualquer um pode dançar, que existe um modo de se divertir estudando passos enquanto investiga seu próprio corpo e ainda sentir prazer com isso, pra mim é como deixar de acreditar no próprio poder transformador da dança.

Adoro trabalhar com a dificuldade, com o corpo cotidiano, com as posturas viciadas, os pouco alongados, hipotônicos ou os desprovido de controle dos membros. Gosto de ver a construção, o processo e onde isso vai dar.

É incrível o valor hoje em dia dado a cópia, a virtuosidade, a velocidade e a repetição como o objetivo principal de se fazer Dança. Quando não há "alma" eu me desinteresso gradativamente, pois os resultados devem vir por um outro caminho.

Não importa se o aluno tem diploma ou não, quantos passos ele sabe, quantos anos fez de Ballet, mas quero ver qual a sua sabedoria corporal, a qualidade de como ele se move. Esse é o seu valor, seu conhecimento prático em dança, como ele se move com consciência e saúde.

Já recebi diversos alunos em minha sala de aula que vieram de anos de ensino tradicional em escola renomada, de mensalidade cara, e não sabiam sequer fazer um plié. Aí me pergunto, o que ficou no seu corpo? O quanto realmente valeu esse ensino recebido?

Pensem nisso e me escrevam!
beijos a todos!
Ana Curcelli

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