Essas coisas da contemporaneiade... 1 dia após a estréia nos EUA o filme 'Black Swan' (Cisne Negro) já tinha centenas de diferentes fontes para se baixar, via torrents, e ainda por cima legendado. Depois de um amigo ter me presenteado assisti sozinha, em casa, a noite, relaxada, sem distrações, numa tela de 17 polegadas.
Se o impacto do filme já é grande assim, imagine a experiência de assistir no cinema, imagem gigante e som em alto e bom tom, inigualável. Assim que estreiar no Brasil, 4 de fevereiro, daqui exatamente 1 mês, com certeza precisarei rever novamente.

Há muito o que dizer sobre o filme. Dirigido por Darren Aronofsky, um dos meus diretores americanos preferidos da atualidade. Jovem, tem apenas 41 anos e já dirigiu muitos dos clássicos contemporâneos, 'Pi', 'Requiem por um Sonho' e 'O Lutador'.
A trilha sonora, assinada por Clint Mansell, que já trabalhou com o diretor em outros projetos, está perfeita e extremamente delicada. Ele criou variações em cima dos temas do balé já conhecidos, compostos por Tchaikovsky.
A coreografia é de
Benjamin Millepied, um talento extremamente promissor. Para quem ainda não conhece seu trabalho é uma boa oportunidade de vê-lo, dançando inclusive, pois está no papel do bailarino/príncipe (Siegrified). E segundo as revistas de fofocas é o atual namorado de Natalie Portmann, atriz principal do filme, que está grávida de seu primeiro filho.

A história é um suspense psicológico de primeira, com toques aterrorizantes e às vezes bem surrealistas, dados pelos efeitos especiais. Dentro de situações vividas na narrativa a protagonista é colocada frente a frente com determinadas questões, e acaba por encarnar toda a tragédia que está prestes a viver no palco, como a personagem dúbia Odete/Odile, na história do balé 'O Lago dos Cisnes'.
Dentro das possíveis leituras que se pode fazer sobre o papel da personagem principal, Nina, há a luta do ego para sobreviver e suas facetas, o alter-ego, os sonhos frustrados, desejos, fantasias, auto-boicote, transtornos, obsessões e transcendência. Tudo isso acontece dentro de um cenário de uma cia. de balé em Nova Iorque, prestes a estreiar uma nova versão do balé 'O Lago dos Cisnes'.
Nada do universo do balé passou desapercebido nessa produção cuidadosa e belíssima. Está tudo lá, os anseios, as dores, a competitividade, o perfeccionismo, os jogos nos bastidores, a aula matinal, a repetição exaustiva, os ensaios, o requinte dos figurinos, a maquiagem, as sapatilhas, o perigo da anorexia, a figura do diretor artístico, do professor, do ensaiador, do coreógrafo e da mãe da bailarina.
Para os fãs de balé é puro deleite visual, a direção de arte e a fotografia são impecáveis. Note o uso das cores durante o desenrolar da história, que se dá com pouquíssimos tons, onde predominam o preto, branco e cinza, nas roupas, ambientes e objetos. Só Nina (Portmann) usa rosa, nas roupas e no seu quarto.

O diretor acerta a mão nos cortes secos das cenas, e é aí que está a arte, alterar a percepção de tempo do espectador. São 1 hora e 45 minutos de filme, que passam como se fossem apenas 30 minutos ou 15 dias. O tempo nunca foi tão rápido e tão lento para se contar tanta coisa, ou nem tanto, pois já bem sabemos seu desfecho.
Eletrizante, tanto que quase perdi uma noite de sono. Mais que recomendado, confira nos cinemas! Veja o trailler
aqui.