segunda-feira, 14 de março de 2011

Quando surge uma lesão e a inventividade.

Esse é um texto que eu queria ter publicado há bastante tempo, vamos lá. Em abril de 2010, tive que me apresentar numa festa em uma das escolas que eu dava aula na época. Por coincidência foi uma fase de muita dor, quase não conseguia andar ou ficar em pé, dei aula sentada alguns dias até. Só pra vocês entenderem é uma coisa que vem lá de trás, resquícios de tendinite, torções sempre no mesmo pé (a maioria na rua), enfim.

Bom, eu pude escolher entre ser realista com minha condição no momento e criar alguma coisa positiva a partir disso, ou eu pirava e não me apresentaria.

A idéia que eu queria deixar aqui, contando tudo isso, é que, se você tiver uma lesão, qualquer tipo, entorse do tornozelo, tendinite, distensão muscular, dor severa, quebra de qualquer parte do corpo ou sofrer uma queda, você vai precisar:

1- Procurar um profissional especializado. Um médico ortopedista ou do esporte, se for algo extremo ou urgente vá direto ao pronto socorro. (e siga todas as recomendações dadas)
2- Ficar calmo.
3-
Parar de dançar temporariamente. Isso mesmo! Saiba que você vai voltar à ativa, porém está se dedicando para se recuperar, e isso não é perder tempo.

Lesões não são dores musculares, como aquelas do dia seguinte, são dores que ficam com a gente quando estamos parados ou enquanto fazemos algum tipo de movimento, inclusive durante a atividade física, — em muitos casos a atividade que mais amamos também pode contribuir para isso.


Terminando minha história foi assim que eu criei o solo 'O que é possível fazer sem os pés', um trabalho coreográfico-performático misturado com improvisação e música de J. S. Bach. A idéia parece limitadora, mas é exatamente o contrário, usar com liberdade o máximo de possibilidades da parte superior do corpo, braços, mãos, cintura escapular, pescoço, cabeça... Notem na foto que não é cenário, eu escolhi estar no meio de um jardim, sobre a terra, isso fazia parte da idéia toda.

Essa é a outra idéia, de que não existe apenas um tipo de dança, um tipo de expressão única, a criatividade é infinita e o uso do nosso corpo também é. Não há limitações para a alma humana se expressar, e se houver não existiria a arte. Reiventar é a idéia principal.

Se um dia não for possível calçar sapatilhas de ponta, não calce. Paciência, o mundo não vai acabar! Isso não é motivo para insistir e se machucar mais ainda. O que é preferível: se arriscar dançando com dor, dançar de forma alternativa ou ficar na platéia assistindo? Nós sempre temos escolha, pense. E lembre de levar em conta o caminho da criatividade. O nosso ideal estético deveria ser mais flexível, e ousado.

(continua...)

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