quarta-feira, 13 de maio de 2009

Gravidez, Maternidade e Ballet

Sim, é tão possível quanto realizável. Se você desconfia ou já sabe que está grávida não pense em parar de dançar! (veja alguns exemplos abaixo)
Converse com seu professor e peça que ele lhe oriente sobre quais os movimentos que você pode ou não fazer nesse período tão especial. Pelo menos até o sexto mês de gravidez é possível continuar com as aulas mantendo certos cuidados.
Nas grandes companias de Ballet geralmente as bailarinas pedem um período de licença do trabalho, ficam fora das aulas, ensaios e espetáculos. E só após alguns meses depois do nascimento voltam a ativa progressivamente.

Uma homenagem a todas às mamães dançantes e também às futuras mamães! Parabéns: Dani, Ju e Paty, minha querida aluna.


Do Australian Ballet: as principais bailarinas, Nicole Rhodes e Felicia Palanca apresentam sua prole.


Gillian Murphy do ABT em dois momentos: no palco e já gravidíssima ensaiando.


Darcey Bussel do Royal Ballet: no palco e ao lado com suas duas filhas.

domingo, 10 de maio de 2009

Vestimenta para Aulas de Ballet

Roupa para usar durante a aula de ballet adulto é um caso sério.
Escolas mais tradicionais utilizam uniformes padronizados, do modelo de sapatilha ao colant inclusive nas cores usadas. Essas regras valem mais para crianças e adolescentes pois além de ballet estão aprendendo também a ter disciplina.
No Ballet Clássico para Adultos o caso é outro. Eu sei, eu sei, muitas mulheres carregam um sonho de realizar a bailarina que queriam ser quando crianças, daí surge aquela imagem toda cor-de-rosa, vestida dos pés a cabeça, o que também está liberado.
Mas pensando bem, já somos bem crescidinhas então lembre do que você tem à mão e não deixe que a vestimenta seja um empecilho para você ir à aula, por vergonha do corpo ou até pelo custo. O bom é estar sempre livre para variar ou mesmo mudar de idéia.
Por favor: não é necessário investir em nada por enquanto!

Em primeiro lugar: não importa como você venha a aula, desde que venha e venha feliz, se sentindo bem com você. Toda cor-de-rosa ou mesmo inteira colorida, que seja livre, leve e solta. Use peças de algodão, com ou sem lycra, mas que permitam os movimentos do corpo. Vale tudo: calça de moleton (se for comprida use dobrada), legging, meia, colant, macaquinho, shorts ou bermuda solta, camiseta cortada, top justo ou regata. Um ambiente favorável para você criar sua própria moda!

O que é fundamental: como professora preciso ver e corrigir o que as partes do seu corpo estão fazendo. Para isso preciso de roupas justas, claras ou que mostrem certas partes do corpo, como, abdomen, joelhos, bacia e tornozelos. Então não dá pra ficar escondido sob roupas largas, escuras e mil sobreposições de peças.

Colant: não é obrigatório mas ajuda muito na colocação do tônus da parede abdominal, portanto é altamente recomendado! Procure nas lojas especializadas em Ballet e verá que existem mil modelos e uma variedades de cores, com ou sem strass, com recortes nas costas ou com as costas abertas. Dos simples aos luxuosos, tenho certeza que você vai se apaixonar por algum. Os preços? Variam entre 30 reais (um bem simples) a 150 reais (um de suplex com strass, renda e costas desenhadas).

Sapatilha: peço que os iniciantes adultos sempre venham descalços, apenas com uma meia comum de algodão. Isso porque o foco do meu trabalho é o fortalecimento e alongamento dos músculos plantares, relaxando onde não precisa de tônus e alinhando o pés em relação as demais partes do corpo. A sapatilha acaba atrapalhando um pouco quando queremos sentir o chão, fazer massagens, deslizar o pé, relaxar os dedos, trabalhar os arcos de sustentação etc. Mais pra frente você usa... no começo a lei é: TER PÉS LIVRES!




Para meninas:
Saia de ballet, seja curto, até o joelho, escura ou que esconde o movimento dos quadris? Fora! Minha dica: vença a vergonha, pois aqui menos é mais!

O cabelo: se for comprido tem que ser preso sim, inclusive a franja. Lembre dos cambrés e das piruetas. Mesmo que não seja com coque, use grampos, presilhas tic-tac, faça rabo-de-cavalo ou ainda prenda com lenços originais, tiara ou faixas de lycra. O ideal é a cabeça estar livre atrás da nuca, por causa dos exercícios no chão também.

Você é amante do uniforme? Se o seu caso é esse lembre daqueles dias tão corridos que não dá tempo nem de lavá-lo. Sem problemas! Se isso acontecer improvise um novo figurino para aula com peças variadas caso seu uniforme estiver sujo, de molho ou secando no varal. Em suma, essa nunca deve ser um desculpa para faltar às aulas.

Quando o assunto é inverno: fica impossível evitar as sobreposições com mil camadas de roupas, claro. Casaquinhos, perneiras e polainas são sim permitidas, mas conforme a aula esquenta e o corpo vai se aquecendo as camadas vão sendo retiradas também...

Acessórios: Retire tudo que é supérfluo e não faz parte do figurino de uma bailarina(o). Brincos grandes ou de argola, relógios, colares, pulseiras com pinduricalhos, piercing aparente... além de poder cair e quebrar algo que é seu e tem valor causa um super estrago no caso de haver uma colisão com outro bailarino na aula, pense nisso. Pequenos objetos de metal também são ótimos para desfiar uma meia de ballet inteirinha... Pense na sua segurança e na dos outros. Se você usa óculos é bom pensar em trocá-los por lentes, se possível é claro.



Tradicional ou cores e modelos diferentes?
traga sua personalidade para a sala de aula!

*Todas as dicas acima são UNISEX (exceto 'saia') e valem para ensaios também.


Lembre-se sempre: o fundamental é estar CONFORTÁVEL!

Ana Maria Curcelli

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Técnica, dificuldades e resultados no Ballet

Todos os dias eu ouço todos os tipos de indagações das minhas alunas. São mulheres adultas, na faixa etária de 25 a 40 anos, muitas casadas, todas trabalham. Chegam a noite, já um pouco cansadas do dia que tiveram de enfrentar, mas vieram para mais uma aula de Ballet.
- "Por que Ballet é tão difícil?", "não tenho força", "minha perna não estica","estou gorda", "sou baixinha", "tenho pé chato"...
Por mais que eu acredite na dança e no ballet como uma forma de arte, divertida, anatomica e reestruturante tem alguns outros aspectos que tenho que explicar. Bom, pelo menos eu posso dar algumas dicas a esse respeito.
Primeiramente tenho que dizer que por baixo dos esvoaçantes e leves tutus os músuclos estão acionados, trabalhando com muita força (muita mesmo!), mas a gente acaba não vendo. FORÇA = ESFORÇO, e inclúi muito suor.
Ou seja, aquele velho chavão: "no pain, no gain". Sem esforço eu não construo nada.
Também noto que há uma diferença entre compreender as informações corporais que são pedidas e entender uma ordem verbal (outro chavão "mente versus corpo").
Todos os gestos de dança (desde o "simples" en-dehors) devem ser produzidos internamentes e não copiados por sua forma. É muito importante sentir, sentir o corpo, sentir a parte que está sendo requisitada bem antes de iniciar qualquer movimento, base inicial.
Usando o velho remédio chamado TEMPO tudo acontece! É uma equação infalível.
Tem que saber esperar, segurar a ansiedade e continuar praticando sem desanimar. Sempre focando mais no momento atual, no trabalho propriamente dito, em cada dia, cada aula, cada pequeno exercício. E tentar abandonar um pouco aqueles modelos "prontos", de bailarina do mundo dos sonhos.
Se o aluno parte do princípio "quero ser igual a bailarina x", coitadinho (a)... tem uma grande chance de se frustrar a curto prazo.
É preciso ter pé no chão e trabalhar com aquilo que é concreto, e real. Lógico que aquele sonho que te impulsiona nunca deve ser abandonado... Mas é recomendável se olhar no espelho e com humildade se ver e se aceitar em primeiro lugar, com todas as suas qualidade e defeitos.
Pode se pergutar: Como sou hoje? Quantas vezes por semana posso dedicar ao trabalho corporal? Quais minhas maiores dificuldades? E minhas facilidades? Que coisas posso fazer para melhorar? Faço algo efetivamente para que melhorem? Por que faço isso mesmo?
O bom processo de aprendizado, aquele profundo e consciente, que te faz entender e pensar corporalmente é sempre LENTO. Claro que um bom professor é fundamental pra tudo isso. Duvide das promessas instantâneas, pode se tratar de propaganda enganosa... e aí que nascem as lesões, físicas e psíquicas.
Tudo que envolve o corpo é a longo prazo, caso contrário seria superficial e em poucas semanas perderíamos os resultados conquistados em anos.
Vamos a uma comparação simplificada, lembra da "bailarina cor-de-rosa dos sonhos"? Então, ela também, apesar de parecer tão perfeita, trabalhou, suou, se cansou, sofreu, repetiu, chorou, teve dores, por pelo menos 15 a 20 anos da sua vida para parecer assim como vemos hoje: absolutamente tão perfeita. Agora pense, por que alguns de nós se acham melhores que os outros? ou melhor, não querem respeitar o tempo e o corpo.
Quem dança, qualquer que seja a dança, tem ou teve que investir muito, tempo, dinheiro e estudo pra chegar onde está, nada vem de graça.
Algumas coisas no nosso mundo tem regras, e o corpo é uma delas. Não posso chegar e infringir algo novo de forma brusca. É um jogo sutíl de contrução calcado no tempo e na ação.
Com o tempo tudo acontece: a gente vai integrando a mente e o corpo, amaciando os músculos, vai se conhecendo mais, consegue memorizar mais passos, vai ficando mais ágil, forte e alongado, e finalmente tudo vai parecer mais "fácil".
Mas tem que ser constante para desenvolver essa "memória corporal", um mínimo de 2 aulas por semana eu penso. Pode sim demorar mais ou menos tempo para cada um se desenvolver – isso dependendo da pessoa, da sua constituição física, experiência, da sua capacidade de incorporar os comandos, mas só o processo individual é que vai dizer.
Sem fazer, sem experimentar, investigar, investir, sentir, ouvir, sem estudar muito e repetir de maneira inteligente, as transformações dificilmente acontecerão.
Afinal não é apenas uma nova linguagem de passos que estamos aprendendo, mas uma nova maneira de usar o nosso corpo, com apoios internos, alavancas, rotações, posturas e tensões que não estamos acostumados.
Transformar o corpo a longo de anos, mesmo que milimetricamente, é o que fazemos a cada aula, através da dança. E é um mergulho interno que poucos se propõem.
Resumindo em poucas palavras: ESFORÇO, FAZER e TEMPO.

Por baixo da leveza: tem muita força! (na foto: Cecília Kerche)

sexta-feira, 1 de maio de 2009

A onda do Ballet Adulto

Estorou mesmo, não sei quem começou ou descobriu mas é sem dúvida a prática do momento. Praticamente toda semana alguém me envia uma matéria que saiu na mídia, impressa ou eletrônica, ou então um artigo, como o dos médicos ortopedistas que indicam ballet aos seus pacientes com problemas posturais ou em fase pré-cirúrgica.
Turma de adultos: iniciando no balé no curso de férias.

Além de todos os benefícios já conhecidos que as práticas de dança oferecem ao ser humano o Ballet Clássico consegue ser uma das mais completas e complexas de todas elas. Desenvolve a auto-confiança, ritmo, musicalidade, coordenação motora, disciplina, postura, auto-controle, concentração, memória, equilíbrio, força, alongamento, expressividade e interpretação artística...
Quanta coisa né?! Considero uma forma de meditação aliada à ação. Fora isso tem um algo a mais, algo de "mais profundo" que não consigo definir de maneira objetiva. Juntar na mesma prática: exercícios físicos + música + alma = totalidade do ser.
Por mais que suave, a música de piano ao fundo dita a dinâmica de cada passo, uma expressão e um tônus são requeridos à cada um deles. A precisão dos movimentos é ditada não só pela capacidade técnica do aluno, mas pela inteligência corporal e concentração total naquilo que está sendo feito. Uma espécie da 'nirvana de corpo presente', um estado de controle e ao mesmo tempo de entrega total. Graça e Força. Leveza e Peso. Expressão e Precisão. Trabalho e Prazer. Emoção e Raciocínio.
A estrutura, os movimentos, o resultado...
É bem fácil se apaixonar pelo ballet. A maioria das pessoas carrega na mente aquela imagem da bailarina perfeita, linda, leve, vestida de cor-de-rosa. Difícil é imaginar o quanto de esforço está por trás dessa imagem, quase mítica. A realidade é bem diferente... uma diversidade de corpos, experiências e idades.


Um motivo a mais para fazer
E como o ballet define o corpo! Durante os exercicios a musculatura profunda é ativada. Gerando um resultado duradouro e sempre de dentro para fora: um corpo forte, ágil e gracioso por muito mais tempo, mesmo depois de parar de fazer aulas (diferentemente de outras práticas corporais). Em pelo menos 6 meses de prática séria é fácil conseguir músculos sutilmente definidos e formas ligeiramente arredondadas. O trabalho cardio-vascular dos saltos, alegros, valsas e sequências também favorece a queima de gorduras.



Imagem mítica: leveza e perfeição (Rachel Rawlins/Australian Ballet)



É fácil se apaixonar pela aula de ballet.
A estrutura e as dinâmicas usadas são fascinantes, ao mesmo tempo artísticas e matemáticas. Estudamos anatomia enquanto dançamos as pequenas estruturas de movimentos. Fazemos uma atividade física completa, trabalhando ao mesmo tempo mente e corpo sempre regado por músicas agradáveis e variadas que acompanham os exercícios desde o aquecimento até as sequencias coreográficas. Desafiamos nossa memória e raciocínio lógico constantemente aprendendo os exercícios. E ainda fazemos novos amigos com pelo menos um interesse em comum. Dá para ser mais feliz? Cuidado para não viciar! Começa com ma aula semanal e logo, logo que fazer todo dia.



Músculos e feminilidade: Drew Jacoby/Lines Ballet